silêncio

Acordamos com o barulho do nosso alarme, tentamos ignorá-lo, mas a nossa consciência já começa a pesar. Após isso nós ouvimos a água do chuveiro esquentando, o bule de água quente apitando, a porta de casa trancando, o motor do carro ligando, o IPOD tocando uma música, o celular vibrando em cima da mesa, e assim vai durante o dia todo. Não pensamos muito no barulho que ouvimos, pois já fomos habituados a isso.

O silêncio até se torna algo constrangedor em algumas situações: no elevador com um estranho, um jantar a dois quando não existe papo, uma pausa entre músicas em um concerto, etc. E sem percebemos o silêncio se torna um dos nossos inimigos.

Quando estudava teoria musical eu sempre ouvia a professora falando que a pausa era tão importante quanto a nota musical. Uma pausa de quatro tempos valia tanto quanto uma nota de quatro tempos. Assim também na vida, 4 minutos de silêncio vale o mesmo de 4 minutos de barulho.

Cresci, talvez não muito de tamanho (1,53mt), mas vi que cada dia tinha menos tempo de silêncio e mais tempo de barulho na minha vida. Isso começou a me incomodar. Mas vi que o silêncio mais importante da minha vida não era esse, mas sim o silêncio da minha alma que havia se tornado um barulhão. Queria de volta o meu silêncio, não porque queria de volta o equilíbrio, mas simplesmente porque era ali que me encontrava com Ele.

Quando minha alma estava silenciosa, nada mais importava. Era eu no meio de uma tempestade, de uma gritaria, de um estardalhaço – e parecia que todos estavam em “mute.” Eu via o que ocorria por fora, mas a forca que vinha de dentro era inexplicável. Eu sabia quem eu era, eu sabia para quê eu tinha nascido e sabia que nada poderia me atingir naquele lugar a prova de som.

Tem dias que falto estar em silencio, mas Ele gentilmente sempre me chama e é ali que nós nos entendemos. Sento-me na beira do meu colchão e respiro fundo. Ele chega perto e senta do meu lado, me imita com os joelhos elevados e pés apoiados no pé da cama e ali ficamos. Em silencio total. Trocamos olhares, sorrio entre as minhas lagrimas que suavemente escorrem. E ali no silêncio conversamos de tudo que pode imaginar. E quando vejo a hora, já estou atrasada para alguma coisa – mas não importa, eu sei quem eu sou, eu sei pra quê existo e nada pode me atingir ali.

Não corra do silêncio, não aumente o volume do seu som – pare e veja que o silêncio pode ser seu melhor caminho para encontrar-se com a verdade. Escute seu propósito, escute seu destino e escute Seu Amado. A Sua voz é impressa em seu ser de maneira que nenhum barulho pode abafar.

Z.L.