pegando o vento

Desde pequena sempre amava o vento, sentava no banco de trás do carro com as janelas abertas e tentava pegar o vento em minhas mãos. Ria sem parar e obviamente nunca conseguia segurar o vento nas minhas mãozinhas de três anos. Parece bobagem, mas eu me divertia por horas enquanto minha mãe se divertia me observando.

Ficar sozinha era algo de muito prazer, nunca estava entediada, sempre havia algo para criar ou descobrir. Porém quando cresci aprendi que vivemos em sociedade e que é necessário ter habilidades sociais para sermos inseridos como “gente normal.” Aprendi na escola a conversar, a verbalizar pensamentos e até fiz aula de oratória. Sempre tive meus poucos, mas maravilhosos amigos, que com corações enormes me aceitavam do jeito que eu era. Hoje sei verbalizar emoções, falar do que acredito e até finjo que sei pregar quando sou chantageada pelo meu irmão mais velho. rsrs.

Por sempre ser tão introspectiva pude conhecer um mundo que muitos preferem não entrar em detalhes. O mundo da busca interior, de indagações existenciais, de chegar ao fundo do poço e depois subir cada nível olhando cada tijolinho da parede interior. Não creio que isso seja saudável ou necessário para todos, mas nunca consegui não ser assim.

Cada vez que me retiro e volto para casa, entro em meu santuário (meu quarto). Tiro os meus sapatos e logo lavo minhas mãos e rosto (uma mania), depois visto algo confortável, sento-me na minha cama grande com almofadas e em silencio tento pegar o “vento” como fazia antigamente. Hoje esse vento não vem da janela aberta, mas vem daquilo que me envolve diariamente. Uma respiração profunda que sinto tão perto de Alguém que me ama incondicionalmente. E naquele silencio tão confortável tento dizer caladamente o que meu coração sente.

Não é necessário uma sequer palavra em meus lábios, nem um gesto ou uma ação – mas uma simples confiança que Ele sabe e vê o que eu quero Lhe dizer. Nesse mês passado compus essa canção na qual o refrão vai assim:

“Existe uma canção que só Tu podes escutar do meu coração para o Teu. Existe um amor que só Tu podes sentir do profundo em mim que é só Teu… que é só Teu…”

Apesar de saber verbalizar pensamentos e emoções, existem aqueles sentimentos que nunca vou conseguir colocar em uma redação, em um poema, em uma canção e talvez nem em uma tela. Esses sentimentos são os mais profundos do meu ser, os mais intensos que me fazem explodir por dentro e que me dão razão para existir.

Jesus Cristo sabe ouvir a canção mais silenciosa da nossa alma, Ele sabe sentir o amor maior que existe em seu coração. Talvez você nem tenha uma canção em sua alma e nem um amor intenso por Ele – mas encare-se e veja que a vida vai muito além do que você imagina, que vai muito além do que se pode colocar em palavras, do que se pode comprar com dinheiro ou do que pode se conquistar com as suas próprias forças.

Que hoje o seu amor por Ele vá além das suas palavras, além das suas aparências e boas ações. Não existe nada melhor do que saber que o vento que nos envolve todo dia é o da Sua respiração de vida e amor por nós.

Z. L.